RAPOSA SERRA DO SOL: BOLSONARO MANDOU ÍNDIO "COMER CAPIM" EM DEBATE DE 2008

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Por Leonardo Sakamoto

Jair Bolsonaro confirmou, nesta segunda (17), que irá rever a demarcação da terra indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima. "É a área mais rica do mundo. Você tem como explorar de forma racional. E, no lado do índio, dando royalty e integrando o índio à sociedade”, disse.

Coincidentemente, o presidente eleito tem um passado conflituoso com a Raposa Serra do Sol. Em maio de 2008, durante audiência pública para discutir a demarcação contínua da Raposa Serra do Sol, na Câmara, Jecinaldo Sateré Maué, da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira, atirou um copo de água na direção do deputado federal. Bolsonaro criticou o indígena e afirmou: "esse é o índio que vem falar aqui de reserva indígena. Ele devia ir comer um capim ali fora para manter as suas origens".

O rebú começou quando o então ministro da Justiça condenou "atitudes terroristas" de moradores não-indígenas que se recusavam a deixar a área e afirmou que as forças policiais iriam agir contra os grupos armados que estavam deixando indígenas feridos. Bolsonaro chamou Tarso de "terrorista mentiroso" defendeu os fazendeiros e aproveitou para criticar o MST.

O ministro, por sua vez, disse que ele era saudosista da ditadura e afirmou nunca ter participado de ato terrorista e chamou Bolsonaro de mentiroso. Ouviu como resposta do deputado federal  "pode até não ser Vossa Excelência, mas o seu grupo, tipo Dilma Rousseff". Na época, a ex-presidente era ministra-chefe da Casa Civil de Lula.

O deputado, exaltado, ainda disse: "É um índio que está a soldo aqui em Brasília, veio de avião, vai agora comer uma costelinha de porco, tomar um chope, provavelmente um uísque, e quem sabe telefonar para alguém para a noite sua ser mais agradável. Esse é o índio que vem falar aqui de reserva indígena. Ele devia ir comer um capim ali fora para manter as suas origens".

"Eu peguei um copo de água porque não tinha uma flecha", afirmou um também exaltado Jecinaldo, que lançou o copo. Ele acusou Bolsonaro de "desconsiderar o direito dos povos indígenas".

No ano seguinte, o Supremo Tribunal Federal confirmou a demarcação contínua da Raposa Serra do Sol e não em "ilhas" - com manutenção da produção agrícola, como a dos arrozeiros, conforme demandado pela bancada ruralista. A decisão foi novamente confirmada em 2013. Por conta disso, caso Bolsonaro resolva mudar a demarcação, pode encontrar resistência no STF.

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