MASSACRE DE SUZANO: O SUBMUNDO DA INTERNET CELEBRA A CRIAÇÃO DE "MONSTROS"

Guilherme Taucci de Monteiro, um dos atiradores da escola Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano (SP)
Imagem: Reprodução/Facebook


Por Leonardo Sakamoto

Há fóruns e canais de discussão na rede, operando abaixo do radar da maioria das pessoas, que congregam racismo, misoginia, homofobia, pedofilia e ódio em estado puro. Nesses chans (espaços que funcionam sem necessidade de login ou conta e, geralmente, anônimos), narrativas são construídas e buriladas e estratégias de ataques a grupos minoritários organizadas, normalmente usando a internet.

É assustador saber que alguém visto como "normal" e "comum" pode ser capaz, nos contextos histórico, político e social apropriados, tornar-se o que convencionamos chamar de "monstro". Ou seja, os monstros podem ser nossos vizinhos, nossos colegas de sala ou até nós mesmos. Em casos extremos, basta que tenham o conjunto de estímulos (ou a falta deles) e os contextos certos de frustração, solidão, ansiedade, insegurança. A partir daí, ficam mais suscetíveis a aprender a odiar determinados grupos que culparam por seu sofrimento e a transformar esse ódio em violência. Ninguém nasce um "monstro", torna-se.

A trajetória pregressa dos dois assassinos do Massacre de Suzani precisa ser analisada com calma. Isso não exime o que fizeram, mas saber o nível de distúrbio de ambos contribui para entender melhor o contexto e os gatilhos que levaram a eles a provocar dor e sofrimento a outras famílias e às suas próprias.

Cabe lembrar, ainda, que o suicídio costuma evidenciar o sofrimento intenso de quem o comete. De alguma forma, nossa cultura não conseguiu, para essas pessoas, apresentar motivos suficientes para se manter vivo. Em vez disso, esses jovens encontraram na morte massacrante o sentido da vida. É desesperador pensar que foi na lógica de uma "missão suicida" que ambos encontraram alguma resposta para o desencaixe que viviam.

O bullying sozinho não leva alguém a assassinar outra pessoa. Mas esse não é o único elemento envolvido, principalmente se considerar que muita gente nesses fóruns atua o tempo todo para transformar jovens com problemas de socialização em armas para os seus objetivos.

Precisamos aprimorar métodos a fim de alcançá-los. E, agindo com empatia, tentar buscar criar canais para conectá-los com a complexidade e a pluralidade do mundo. Antes que seja tarde.

(Leia a íntegra do texto no post do blog)

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