Polo cloroquímico coloca RN de volta para o futuro
Prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra (SDD) em reunião com grupo de empresários (Foto: Divulgação) |
Roda Viva – Tribuna do Norte – 300621
“Um grupo até pouco tempo atrás desconhecido da indústria química brasileira” – segundo o principal jornal econômico do Brasil, o Valor – fez renascer muitos sonhos que foram embalados, sobretudo nos últimos 44 anos, no nosso Rio Grande do Norte, desde que o presidente Ernesto Geisel criou um grupo interministerial formado por João Paulo dos Reis Veloso (Planejamento), Rangel Reis (Interior) , Shigeaki Ueki (Minas e Energia) e Ângelo Calmon de Sá (Indústria e Comércio) para realizar um projeto de desenvolvimento econômico no RN.
Agora, um grupo empresarial “desconhecido” trouxe a público um projeto ambicioso, que “nasceu há mais de duas décadas” com vistas a agregar valor ao sal marinho e a outros recursos naturais abundantes no RN, projeto que começa a ganhar contornos concretos e poderá atrair US$ 5 bilhões em investimento total para o Estado nos próximos anos, incorporando tudo que veio depois para o RN; da fábrica de barrilha à Refinaria Clara Camarão.
O plano de implantação de um Polo Cloroquímico, na região potiguar que compreende Mossoró e outros três municípios, finalmente conquistou os primeiros investidores, e parte agora para as fases de normatização, licenciamento e estudos de viabilidade técnica e econômica.
HISTÓRIA DE SONHOS
Benivaldo Azevedo, Secretário de Planejamento, em 1977, tem assistido – e participado – de muitas tentativas para o RN seguir esses caminhos do desenvolvimento trabalhando os seus recursos econômicos.
Ele guarda uma rica documentação, desde o que foi constituído o grupo de trabalho interministerial e – de longe – torce com cautela a favor de que a iniciativa anunciada em Mossoró por um consórcio formado pelas empresas Koyo Intership Trading, do Panamá, e TFB & Energy, vire realidade, no desenvolvimento de um abrangente projeto.
Projeto que numa primeira fase engloba a produção de cloro-soda e derivados, incluindo PVC; uma usina solar com 350 megawatts de potência e um terminal portuário, com investimentos da ordem de US$ 2.5 bilhões, na primeira fase.
O plano também é produzir barrilha, beneficiando-se da reserva de calcário do Estado, fertilizantes e outros produtos químicos.
Incluindo ainda a Refinaria Clara Camarão, em Guamaré.
Em grandes números, o polo cloroquímico poderá produzir 500 mil toneladas anuais de PVC, até 600 mil toneladas anuais de barrilha e 600 mil toneladas anuais de cloro-soda e seus derivados.
A expectativa é a oferta de sete mil empregos diretos.
Na tentativa de juntar o sal marinho a calcáreo e produzir barrilha (matéria prima de inúmeras utilidades, principalmente vidro), o RN esteve muito próximo de ter essa indústria funcionando, em Macau, a fábrica da Alcanorte que já estava virtualmente pronta, mas a empresa brasileira (estatal) rescindiu o contrato já acertado com o grupo holandês AKZO, detentor da patente e do know how industrial.
O argumento do então Presidente da Companhia Nacional de Álcalis/Alcanorte, estatal detentora do monopólio de produção e comercialização de barrilha (carbonato de sódio) no Brasil:
– “Temos de evitar uma nova invasão holandesa”.
A invasão holandesa não aconteceu, nem a fábrica da Alcanorte chegou a produzir, quando a privatização apareceu como salvação da lavoura.
Ficou o pior exemplo de todas as privatizações no Brasil, com um único pretendente (com atuação na indústria salineira), o grupo Fragoso Pires, já em estado pré-falimentar.
EXEMPLO ESCONDIDO
A privatização da CNA/Alcanorte é o pior exemplo em todos os programas de privatização no Brasil. Mas pouco se fala no caso. Nem os defensores do processo de privatização, nem muito menos os seus críticos.
O grupo Fragoso Pires, que havia assumido a Companhia Comércio e Navegação, há quase cem anos produzindo sal no RN, imaginou com a “compra” das estatais de barrilha, resolver os seus próprios problemas.
Enquanto o Governo, imaginava se livrar dos aportes necessários a conclusão da fábrica de Macau.
Com a privatização veio o fim do monopólio, que garantia o funcionamento da fábrica estatal, pela falta de concorrentes e definição dos preços, garantindo a cobertura dos custos aos usufrutuários do monopólio.
Resumo da ópera: O Brasil que se aproximava – com a Alcanorte – da auto suficiência já não produz barrilha. – A fábrica do RN não foi concluída e a de Cabo Frio fechou.
Isso deixa um enorme espaço, que o consórcio Koyo-TFB disse em Mossoró que pretende ocupar.
VOLTA PARA O FUTURO
Depois desses 44 anos se tem de creditar ao Grupo Interministerial nomeado por Geisel, pelo menos, um importante resultado alcançado: – a concepção da modelagem do próprio complexo industrial.
O Grupo Interministerial contou com o suporte do CTA, Tecnometal e Cetesb. E conseguiu produzir uma radiografia do potencial do RN, além de agregar o aproveitamento de scheelita, bromo, boro, cromo, cloro, magnésio líquido, magnésio metálico, potássio e barrilha, entre outros.
Benivaldo Azevedo, que acompanha nossa trajetória desde o começo, acredita que o novo projeto é “absolutamente rentável” pela listagem de produtos que podem ser fabricados aqui a preços competitivos.
E o evento de Mossoró, tem abrangência muito maior do que os limites dos municípios citados (mais Macau, Guamaré e Porto do Mangue). Um estado que não tem no momento um só grande projeto na área econômica e industrial pode ser despertado.
O Polo Cloroquímico, portanto, tem o mérito de colocar o nosso Rio Grande do Norte de volta para o futuro.
Com conteúdo TL
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